Diagnóstico de Mastites e qualidade do leite

Elba Alvarez, M.V., MSc, PHD

No Brasil, a produção de leite, é uma atividade cada vez mais competitiva. Portanto é importante conhecer os fatores que podem influenciar nesta produção, buscando maior ganho, na tentativa de suprir a demanda nacional (Duque et al..2006). A produção de leite no Brasil aumentou para mais de 25 bilhões de litros no ano 2005, pela importância que tem o leite para a alimentação infantil e pessoas idosas, deve-se assegurar integridade e a qualidade intrínseca do leite e de seus derivados destinados ao consumo humano. As técnicas de manejo inadequadas, as deficiências de instalações e nutrição, a falta de um programa eficiente de medidas sanitárias e de melhoramento genético, assim como a falta de empreendimento empresarial por parte dos produtores tem contribuído para o aumento de problemas sanitários nos rebanhos. A produção de leite, em sua grande parte, está sob responsabilidade de peque­nos e médios produtores. A exploração econômica se processa, preferencialmente, de forma rústica, com poucos cuidados higiênicos e sanitários apli­cados ao rebanho, o que, sem dúvida, é condição predisponente ao surgimento de casos de mastite bovina, principalmente aquelas produzidas por microorganismos ambientais.

Dentre as doenças que acometem o rebanho leiteiro e compromete a qualidade do leite, a mastite ocupa lugar de destaque por possuir importância econômica e para a saúde pública. Apesar de ser a doença mais importante em termos econômicos para a indústria leiteira, é difícil de ser controlada. As mastites têm, basicamente, duas formas de apresentação:clínica, com sinais de inflamação na glândula e/ou formação de grumos ou pus no leite, e subclínica, que causa perda de produção sem sinais clínicos. Os prejuízos no Brasil atribuídos às formas clínica e subclínica, produzem diminuição na produção de 30% e 70%, respectivamente. Das causas das mastites, além dos agentes patogênicos, outras causas como traumatismos por manejo incorre­to, inadequação de ordenhadeiras, higiene dos estábulos e do ordenhador, clima, alimentação, quantidade de leite produzido pela vaca, entre outros, há gastos com medicamentos e assistência veterinária, inutilização de leite contaminado após tratamento, descarte precoce de animais doentes e dificuldade no controle do rebanho. O “California Mastistis Test” (CMT) é capaz de detectar o processo inflamatório na glândula mamária e é aceito internacionalmente para o diagnóstico da mastite no campo.

Os agentes etiológicos da mastite contagiosa necessitam do animal para a sobrevivência, pois se multiplicam na glândula mamária, canal do teto ou sobre a pele. A mastite é transmitida de uma vaca infectada para outra sadia, principalmente, durante a ordenha. Além da diminuição na produção leiteira, o leite do animal infectado representa um sério problema tecnológico para as indústrias beneficiadoras por possuírem um número aumentado de células somáticas, diminuição no teor de caseína e aumento nas proteínas do soro, dentre outras anormalidades. As alterações na composição são responsáveis por diminuição no rendimento industrial, baixa qualidade dos fermentados e diminuição na vida de prateleira dos derivados lácteos.

A etiologia da mastite pode ser de origem tóxica, traumática, alérgica, metabólica ou infecciosa. Destacam-se como agentes das infecciosas, as bactérias do gênero Staphylococcus. A maior parte das infecções da glândula mamária é causada por Streptococcus agalactiae, Stapylococcus aureus, Streptococcus dysgalactiae, Escherichia coli, Streptococcus uberis, Corinecbaterium bovis, Mycoplasma, alguns coliformes, leveduras, fungos e algas. Staphylococcus sp se destaca pela capacidade de ser ou se tornar resistente a um grande número de antibióticos. Espécimes desse gênero, isolados em ambiente hospitalar humano, têm mostrado perfil de multiresistência, associaram o agravamento da resistência bacteriana ao uso freqüente e indiscriminado de antimicrobianos e, aos mecanismos de transferência de resistência entre os microrganismos. Este fato é comumente observado no campo em surtos de mastite.

Ademais, efetuam-se controles mensais de leite cru:

  • Exames bacteriológicos e micológicos com e sem Antibiograma.
  • Supervisão da qualidade do leite: Contagem  e identificação das bactérias e fungos.
  • Resíduos de antibióticos.

 

Todo tratamento eficaz depende de um diagnóstico preciso.

REFERÊNCIAS

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